sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Setembro


A manhã, acinzentada por caprichos do tempo,
que não se aquesce ou se permite esmaecer,
segue em seu rumo prodigioso,
de encontro a teus sonhos.

Sento-me em minha cadeira favorita,
de frente para a rua e olho o movimento dos carros.
Nosso bairro já não é mais o mesmo,
ainda temos os velhos vizinhos,
aquela gente boa que sempre lhe deseja um "bom dia",
mas o bairro mudou, todos tem pressa,
mesmo os mais velhos, como eu e você,
agora tem pressa,
como se o mundo estivesse se acelerando lentamente.

A manhã segue seu próprio caminho,
e mesmo o Tempo parece estar mais acelerado que no nosso tempo.
Pergunto-me se estamos apenas envelhecendo
ou se há realmente algo novo pairando sobre nossas consciências(?).

O Sol, em esforço notório espreguiça-se no céu,
não parece querer sair,
e meus olhos continuam a vasculhar o velho bairro
e todas as suas novidades.

Penso em todo o tempo que temos,
em todo o tempo que tivemos,
em todo o tempo que poderemos vir a ter,
e só encontro a desilusão de não lhe ter a meu lado,
aqui, agora, sentada na cadeira ao lado.
Teu sono é belo, puro, singelo,
mas enciumo-me dos lençóis que lhe envolvem,
lhe abraçam, lhe acariciam,
enquanto minha insônia me impacienta
e me obriga a sair da cama para me por a observar
a vida que passa, em seu próprio ritmo,
para mim, rápido.

E noto que nesta manhã, acinzentada por caprichos do tempo,
mais uma vez, estou sentado em minha cadeira favorita,
de frente para a rua, olhando o movimento dos carros,
apenas vendo a vida, por mim, passar.

por Eduardo Diass.

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