quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Abismo

Estive sentado à beira do abismo,
fitando o infinito
à espera de uma resposta.

A pergunta, presa em minha garganta,
jamais feita ao infinito ou ao abismo,
jamais teve sua resposta.

Mas eu observei o abismo,
contemplei seu semblante duro,
porém calmo.

Observei-o em sua imponência
em sua sabedoria,
sua paciência.

Estive sentado à beiro do abismo,
lá, vi o mundo de outro modo, ou talvez,
outro mundo do mesmo modo.

Um mundo, que sempre me aguardou,
e mesmo descendo
sem a resposta,

quando estive ao abismo
encontrei outras perguntas
e milhares de novas respostas.

por Eduardo Diass.

sábado, 21 de agosto de 2010

Canção do Vento

Toque o Ventre do Universo
e assim crie.
Caminhe pelo Tempo
e assim viva.
Insista em estar vivo
e então esteja.
Pense em um Mundo pleno
e que assim seja.

Ouça o Mar rugir
e então tema.
Aprecie a canção do Vento
e com ele aprenda.
Sinta o leve toque do Fogo
e se inspire.
Pise a segurança da Terra
e nela cresça.

O Filho ainda é uma criança
é visível sua beleza.
Não lamente, tenha esperança
não se iluda, enalteça.
Pois o Pai é o corpo de tudo
não se engane, creia.
Todos estamos à morte
não apenas morra, vença!

por Eduardo Diass.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Decisão

Sempre a esperar...
Tentativas ocorrem em vão,
Lágrimas a derramar...
Pela cruel decisão.

Tristeza a acorrentar...
Aquilo que o fez lembrar,
Aquela decisão,
Se põe a chorar.

Atitudes deve tomar...
Enfim um feliz a recordar...
De tanto precisar,
Vivo a te amar!

É impossível suportar...
Sempre ao te olhar,
A tona me faz lembrar.
Se eu pudesse apagar,
Tudo o que tive de passar.

Vem o medo de ariscar,
A preocupação de tentar,
A vergonha de errar,
Não conseguia aceitar.

Vejo-te e deixo derramar...
Uma lágrima de meu olhar,
De alegria, em meu rosto a rolar,
Agradeço por você aqui estar.
Quanto é bom te amar!

por Bia Lehen.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

...ao Ventre do Universo

Sinto-me retornando ao Ventre do Universo
minha mente esvai-se de pensamentos
o frio consome meu corpo inerte...

Reunindo forças, olho os meus a minha volta
todos com semblantes carregados
um mundo glorioso começa a se fechar
e os mistérios vem se revelando...

Minha vida, cada uma de minhas glórias,
todas, diante de meus incrédulos olhos
o tempo depois do tempo começa a se fazer visível
não há mais o que esperar...

Meu Purgatório Pessoal forma-se em minha mente
minhas mentiras, meus medos, meus arrependimentos,
cada uma das vezes que exitei,
cada uma das coisas que não fiz...

Todas revelam-se, atormentam-me,
negam-me uma última visão reconfortante...

Sinto-me retornando ao Ventre do Universo
tomado pelos meus erros,
descobrindo que, em verdade, meu Inferno
sempre esteve dentro de mim...

por Eduardo Diass.

sábado, 31 de julho de 2010

Sou andarilho da noite

Sou andarilho da noite
Andarilho solitário e vazio
Que segue seu caminho por punição
E por maldição
Aquele que para e contempla as estrelas e o sol
Pousa sua tristeza nos instantes humanos

Tornei-me herdeiro dos meus pesadelos
Dos meus erros e deslizes
Caí, e aprendi a continuar
A passar por cima e destruir os outros

Tornei- me escravo da dor
Não por sentir mas por gerar
Fiquei cego pelo orgulho e por poder
Esqueci quem sou
Esqueci o que sou
Tornei-me nada

O sol nasce novamente
O peito vazio, pois nada habita
O corpo jovem, mas com calos da idade
O espírito cicatrizado
Sigo pelo caminho da solidão
Deixando o rastro do furacão


por Hilbert da Silva Júlio

Dia cinza

Espelhos submergem no mar
contemplados por um circunspecto dia cinza.
As ondas chocam-se a muralha rochosa
debulhando-se em uma sonoridade aterradora.

O Mundo,
aquele que emerge ao Inferno Interior,
não se curva ante a luz lúgubre deste dia cinza.
Apenas a observa, silencioso e impassível.

Formas são dadas a grande muralha rochosa,
esculpidas pela violência, pela insistência,
que pouco a pouco lhe arranca a resistência,
modifica-lhe a aparência, degradando a firmeza de outrora.

Espelhos submersos;
são como portas trancadas à alma,
onde todo o esplendor afora a muralha,
perde-se por não ser refletido graças a água.

Tão logo reflitam-se as nuvens densas afastando-se,
tão logo reflitam-se as marcas profundas na muralha rochosa,
tão logo percebamos que mesmo as marcas mais profundas,
das mais poderosas ondas,

ao escavarem a muralha rochosa,
não somente consomem-lhe as forças,
ou aterrorizam-lhe com seus brados de fúria,
mas também lhe esculpem as mais belas formas.

por Eduardo Diass.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Há a esperança, mas sempre haverá a maldade

Vejo o mundo por meus olhos infantis
e vejo guerras,
pessoas que lutam por ideais
que sequer entendem.
Mas sempre há a esperança.

Olho através de minhas janelas,
e os sorrisos estão estampados,
todos atuamos no grande teatro da realidade,
fingindo uns para os outros
que não nos afetamos com nossas meias verdades.
Pois sempre há a esperança.

Crianças famintas são ignoradas,
apesar dos esforços contra a crueldade,
os que se importam estão em menor número.
Mas ainda há a esperança.

Acordo na manhã de um novo dia,
tudo é sempre novidade,
mesmo a rotina é uma novidade,
pois ainda respiro, ainda posso continuar
a lutar por meus sonhos,
por minhas verdades,
e faço, porque há a esperança.

Tenho vontade de visitar o Mar,
todas as manhãs, uma nova vontade,
o Tempo canta a meus ouvidos
as tristezas, as glórias, as vaidades.
Mesmo quando o dia aparenta perdido,
há a esperança, mas sempre haverá a maldade.

por Eduardo Diass.

domingo, 25 de julho de 2010

Escolhas

Quando se pode tudo, nada se tem
o mundo é uma grande caixa vazia
e completá-la, é lá por nossos bens.

Quando temos o que queremos
não temos o que deveríamos ter
nos sobra lutar por nosso querer.

E o mundo espera nos ver
atrás de nossa alegria
lutando por cada fantasia.

O mundo espera nos ver
lutando por o que queremos
escolhendo o que deveremos ter.

por Eduardo Diass.

sábado, 24 de julho de 2010

A procura

Movo-me pelo espaço,
na segurança de meus passos.
Vejo parte de meu universo;
o meu mundo gira em reverso.

Movo-me pelo espaço,
cada passo é um novo acaso,
cada acaso um recomeço,
cada passo e vejo-me em avesso.

Movo-me pelo espaço
com movimentos equilibrados,
corro para um abraço
no sentir dos seus passos.

Movo-me pelo espaço,
vejo-te no acaso.
A incerteza é o novo passo,
o fim é outro compasso.

Movo-me pelo espaço,
todo dia é um recomeço,
a noite fica do avesso,
enfim vejo o apreço.

Movo-me pelo espaço,
a procura do progresso,
tudo parece regresso;
em você, o recomeço.

por Eduardo Diass e Bia Lehen

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ai, minha vida, minha confusão

Certezas...
tudo o que eu queria eram certezas.
e nessa busca constante de solidez
acabo por viver na insensatez,
na dúvida, na angústia.
Quanto mais procuro as respostas
mais questões aparecem.
É uma roda viva. A roda da vida.
De perguntas nem sempre respondidas,
de caminhos nem sempre corretos,
de decisões a serem tomadas
e de passos a serem em dados.

O que eu queria era a certeza
de que algo de bom está por vir,
de que Deus é belo e perfeito
e que encontrarei,
um dia,
quem já perdi.

por Dy Eiterer.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A areia e o Tempo

Areias se movem com o vento, na praia,
eu sentado, observo o movimento silencioso,
cadenciado e constante
do Senhor Imortal,
observo sua paciência,
sinto seu toque suave
que leva minha vida
pouco a pouco.

O imortal passeia
e nos leva em seu embalo,
nos permite sonhar,
construir, imperar,
mas nos cobra o preço justo.

Eu, em minha apatia,
permaneço sentado
na praia,
vendo as areias
que se movem com o vento,
que se movem no tempo,
e como nós,
apreciam o Tempo passar.

por Eduardo Diass.

Desabafo de solidão

Havia uma lua linda...
vi o nascer do sol...
o despertar da cidade...
procurei por olhos amigos
ou ao menos conhecidos...
só encontrei os meus,
solitários, molhados.

por Dy Eiterer.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mundo

Gostava de como o mundo era antes:
as pessoas eram boas,
o mundo era tranquilo e calmo,
minha vida era um mar de incertezas,
poderia ter todas as mulheres do mundo
(apesar de, em verdade, não ter nenhuma),
tudo e todos estavam aos meus pés.

Gostava do meu antigo mundo,
onde todos eram educados e cordiais,
onde as pessoas se amavam e respeitavam,
onde amigos eram amigos:
para jogar bola,
para jogar pique,
para andar de bicicleta.

Gostava do meu mundo infantil,
aquele onde minha única responsabilidade
era me preparar para o que viria,
onde aprender era um privilégio,
onde estar com amigos era minha rotina,
onde correr livre era uma realidade.

Gostava do meu mundo,
mas, é olhando para o futuro
que entendo o que é a felicidade,
pois, é olhando para o futuro
que vejo:
ao lado da mulher que amo,
de amigos verdadeiros,
de realidades e conquistas
e a espera de meu herdeiro,
que o mundo que eu sempre gostei
sempre será meu,
só o que mudou
é que agora eu sei
qual foi a importância de tudo isso,
qual o verdadeiro valor
que o mundo tinha,
que o mundo tem.

por Eduardo Diass.

Nota de abertura

Depois de um certo período de recesso, estamos retomando o Sextas Poéticas on-line, o projeto se iniciou ainda na distante e controversa década de 90, como uma reunião totalmente informal de amigos que apresentavam suas idéias, algumas em forma de reflexões, outras em forma de música, algumas, ainda, em forma de prosa poética e pouquíssimas, realmente, em forma de poesia.
O grupo se reuniu e separou, oficialmente, 3 vezes, logo após o último rompimento, foi fundado, em formato virtual, o Sextas Poéticas on-line ou, como todos sempre o conheceram, o Sextas.
Originalmente, o Sextas, em sua versão virtual, foi divulgado por meio do servidor de IRC, BrasIRC, alguns anos depois, e após a primeira dissolução da versão virtual, o Sextas chegou ao Orkut, onde ainda se pode ler antigas publicações. Após um longo recesso, de mais de 1 ano afastado, retomamos o projeto, dessa vez, almejando alçar voos mais altos, com esse intuito, além da antiga comunidade do Orkut, que também está de volta a ativa, o Sextas foi transformado em um grupo, divulgado pelo Facebook e neste Blog, isto, para que possamos reunir um bom grupo de autores desconhecidos (pois, como em sua origem, o objetivo é lutarmos juntos por espaço no cenário brasileiro), e juntos, batalharmos pela primeira publicação em reconhecimento a ideia que nos tem guiado até hoje:
Ser escritor é, não apenas escrever, mas se reconhecer como tal, deixando para as próximas gerações uma parte de nossas almas.

Eduardo Diass.