Escoaram os versos do meu peito
Numa poça, viscosa e escarlate
De um vermelho tão morbidamente perfeito
E mais vivo do que esse coração, que já não late
Eles decoram, como pétalas no meu leito
O lugar que ela nunca preencheu
E que guardei, ao lado de onde eu deito
A lembrar-me de um amor que já morreu
E aqui jazo, um poeta com defeito,
Que traz no peito um coração que já não é seu
Sem amor, sem esperança e sem o direito
De lamentar a inspiração que ele perdeu.
por Bruno Leão Guimarães
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