sábado, 31 de julho de 2010

Dia cinza

Espelhos submergem no mar
contemplados por um circunspecto dia cinza.
As ondas chocam-se a muralha rochosa
debulhando-se em uma sonoridade aterradora.

O Mundo,
aquele que emerge ao Inferno Interior,
não se curva ante a luz lúgubre deste dia cinza.
Apenas a observa, silencioso e impassível.

Formas são dadas a grande muralha rochosa,
esculpidas pela violência, pela insistência,
que pouco a pouco lhe arranca a resistência,
modifica-lhe a aparência, degradando a firmeza de outrora.

Espelhos submersos;
são como portas trancadas à alma,
onde todo o esplendor afora a muralha,
perde-se por não ser refletido graças a água.

Tão logo reflitam-se as nuvens densas afastando-se,
tão logo reflitam-se as marcas profundas na muralha rochosa,
tão logo percebamos que mesmo as marcas mais profundas,
das mais poderosas ondas,

ao escavarem a muralha rochosa,
não somente consomem-lhe as forças,
ou aterrorizam-lhe com seus brados de fúria,
mas também lhe esculpem as mais belas formas.

por Eduardo Diass.

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