terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sono

Que a noite lhes traga a paz que o dia negou.
Que os desejos ocultos possam ser revelados,
pois só a noite a raça humana
é verdadeiramente livre e nua...
de suas máscaras, de seus horrores,
de seus pecados.

É a noite que nos liberta, a noite que nos transforma
de volta a forma original, libertinos, libertos, libertários.
Nos permitimos ser aquilo que a sociedade nos nega.
Nos permitimos cometer graves atentados aos pudores,
ímpios em sua própria essência,
pois são nossos desejos mais puros, insanos e instintivos
que nos são negados por consensos arbitrários
aceitos pela raça como convenções de valores
que jamais foram verdadeiramente questionados.

É a noite que nos devolve a natureza real e incontesta.
Nós, os filhos de Lilith, rejeitados, expurgado;
nos contemos para merecer algo do qual jamais fizemos parte.

E a noite nos trará a paz merecida, aquela verdadeira,
que encanta a alma, aquela por trás do ato púdico,
sempre tão avessado, renegado,
abnegado de seus supostos significados.
E será este, o ato, que nos levará ao descanso,
A escuridão do esquecimento e inexistência temporária
ao qual chamamos sono.

por Eduardo Diass.

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